Morangos - Capitulo único 


Foi apenas uma fração de segundo, e aconteceu.
Quase no ponto do salto em que eu deveria simplesmente enterrar a bola na cesta, meus olhos se desviaram. Da cesta, vermelha e branca, para um par de olhos na arquibancada atrás do quadro. Um par de olhos despareados, vermelho e amarelo.
Na mesma fração de segundo voltei minha atenção para a cesta, mas o tempo tinha passado. Eu estava agora no pico do salto, e tentei, um pouco atrapalhado pelo ângulo, marcar o ponto assim mesmo.
De fato, a bola passou pelo aro. A rede balançou e meus pés tocaram o chão novamente, o impacto um pouco estranho devido à mudança no itinerário do salto, e logo recuperei a bola com facilidade e apenas uma mão. Meu coração batia acelerado no peito; um reflexo instintivo do pensamento que agora dominava minha mente.
Eu me distraíra no meio do salto.
E não fora uma distração qualquer.
Na arquibancada, de pernas cruzadas e uma expressão indecifrável, sentava Akashi Seijuurou, o capitão do time, com seus olhos fixos em mim. Sustentou o olhar por mais alguns segundos e então, tão repentinamente quanto eu notara sua presença, ela desapareceu. Para minha ainda maior surpresa, quem desviou minha atenção de Aka-chin foi Kuro-chin, com seus olhos completamente inexpressivos perguntando se eu ia continuar parado em frente à cesta por muito tempo.
Soltei a bola e me dirigi ao banco. Desembrulhei descuidadamente um pirulito de maçã que estava no meu bolso de trás e enfiei-o na boca consternado, o coração ainda palpitando e os membros um pouco descoordenados. O que diabos estava acontecendo?
- Oy, Murasakibara-kun. - chamou Kuro-chin, voltando do garrafão, testa e braços suados e ajeitando a camisa.
- Hm. - respondi desinteressado, lambendo o doce.
O garoto se sentou ao meu lado, ridiculamente pequeno perto dos meus quase-dois-metros de altura.
- Tudo certo? - perguntou, os olhos grandes e indecifráveis.
- Uhum.
- Eu vi o seu pulo. O timing estava meio fora, né?
Um. Momento.
Olhei para ele de canto de olho, um bom tanto abaixo do meu queixo. Aka-chin não era muito maior também.
- Não, foi normal. - por que eu estava pensando em Aka-chin de novo?
- Bom, me pareceu que você se distraiu com alguma coisa. Normalmente você não precisa chegar ao pico pra enterrar.
- E eu não preciso. Você está sendo irritante. Vai embora.
E como num passe de mágica ele foi.

  
Água fria escorria dos meus cabelos para as costas, ensopando a toalha amarrada à cintura enquanto eu encarava, sem compreender, a mensagem que acabara de receber no celular.
“Teikou não tolera erros.”
Meu coração pulou um ou dois pulsos enquanto as glândulas suprarrenais se encarregavam de uma forte descarga de adrenalina que afundou meu estômago. No campo do remetente, o nome que permeara meus pensamentos nas últimas horas. Alguns segundos depois, outra mensagem, que causou um breve apito rapidamente silenciado por meus dedos ansiosos.
“Você nunca chega ao pico antes de enterrar.” Dizia.
E eu sabia que não fazia sentido negar qualquer coisa para Aka-chin. Tudo que ele dissesse estava correto, e tudo que ele quisesse seria feito. Os Olhos do Imperador, que eu ajudara a despertar, eram absolutos. Ele vira através de mim, e, de alguma forma, seu olhar causara o erro, e não o contrário.
Deixei-me cair sobre o futon, os braços e pernas facilmente tocando a madeira do assoalho quando os estiquei, o celular ainda preso em uma das mãos. Eu não cabia no futon. Por mais que fosse um futon maior do que o normal, ainda não era suficiente para o meu tamanho. Fechei os olhos, sentindo a brisa da janela gelar minha pele úmida.
Algo parecia muito errado e fora de lugar.
- Otouto-chan, você vai pegar um resfriado assim. – ouvi a voz de minha irmã vinda da janela – E você está molhando o futon! Levante-se e coloque-o para secar.
Grunhi, mal-humorado, sem abrir os olhos.
Por que Aka-chin não saía da minha cabeça?


- Você quer um doce? – perguntava a voz calma e calculada.
- Hm... Claro. – respondi, desconfiado. Aka-chin não costumava me dar doces se não fosse como recompensa por algum jogo.
- Você parece desconcentrado hoje. Desde ontem, a propósito. – disse, virando-se e andando em direção à porta do ginásio.
- São seus olhos, eu acho. – e ele parou novamente.
Demorou alguns segundos para que eu percebesse o que acabara de dizer. Aka-chin se virou na minha direção e pareceu perfurar minha alma com seus olhos penetrantes enquanto minhas bochechas coravam violentamente. Era estranha e quente a sensação; fazia muito tempo que eu não corava por simples vergonha.
- Não foi o que eu quis dizer. – tentei corrigir.
Ele desviou o olhar rapidamente. Como todas as vezes desde o dia anterior, ele desviava o olhar. Meu treino estava sendo um fiasco; toda vez que eu cometia um deslize percebia seus olhos sobre mim. Só não sabia se atraía sua atenção com meus erros ou se errava por ter sua atenção. Por que de repente sua presença não me dava um segundo de descanso? Seus olhos coloridos e o rosto pequeno, delicado. Quase como o de uma garota.
Aka-chin virou mais uma vez e andou ginásio afora. Depois de alguns segundos sem reação, meus pés decidiram seguí-lo.
Não olhou para trás até alcançarmos uma máquina de vendas em um dos corredores da escola. Tirou de um bolso preso por velcro algum dinheiro, que inseriu na máquina. Apertou um botão e olhou para mim, esperando que eu também apertasse um. Avaliei distraidamente as opções e estendi um braço por sobre o ombro de Aka-chin para pressionar um dos botões, que indicava uma marca famosa de chocolates. Senti os pelos do meu braço se eriçarem com a proximidade do pescoço alvo e frágil de Aka-chin. Meus olhos se desviaram na direção do meu antebraço ao mesmo tempo em que os dele, e tentei recolher o braço rapidamente, mas foi inútil.
Aka-chin podia ler qualquer movimento antes de ser feito, e segurou meu cotovelo com uma das mãos e uma expressão extremamente séria no rosto. O contato inesperado mandou arrepios pela minha espinha.
- Tem alguma coisa sobre a qual você queira conversar, Atsushi?
Não, eu não queria conversar. Não queria conversar sobre eu não conseguir ignorar sua presença, sobre seu olhar influenciar minhas ações, sobre os arrepios que o contato entre nós me causava, e muito menos sobre a minha crescente vontade de estreitar o espaço entre nós e sentí-lo em meus braços. Aka-chin não era uma garota, e ainda assim eu queria tratá-lo como faria com uma menina pequena e delicada. Seu rosto de feições miúdes e bem-acabadas prendia meu olhar com tal intensidade que seus olhos já estavam gravados na retina.
Dois pequenos baques interromperam o momento.
Agachei quase até o chão para pegar os doces na portinha metálica, e então senti dedos pequenos e suaves se embrenhando em meus cabelos pela nuca. Uma verdadeira descarga elétrica paralisou meu corpo. Coração acelerado, súbito calor subindo do peito para o rosto, respiração superficial. Permaneci abaixado, os dedos acariciando com leveza meu pescoço.
- Você é tão fácil de ler, Atsushi. – surpreenderam-me suas palavras – Pensei que você odiasse ter que mexer com coisas pequenas demais. Cheguei a me perguntar se eu estava imaginando a expressão nos seus olhos quando você olha nos meus. Mas não, eu estava certo. Eu estou sempre certo. – e, com uma breve insinuação de seu punho em minha nuca, virou meu rosto na direção do seu.
Eu o olhava de baixo para cima, um ângulo um tanto inusitado. Seus olhos mostravam uma coloração estranha; não eram o habitual vermelho e amarelo um tanto alaranjados e confusos, eram duas cores completamente distintas e escurecidas que tomaram com facilidade meu ar.
 - Você sempre foi meu favorito. Desde quando nos tornamos o time oficial, você é o meu favorito. Riyouta é muito cheio de si. Tetsuya é um bom garoto, mas ele nunca vai entender o que nós somos. Shintarou é excessivamente fútil, e Daiki... Um caso perdido. Mas você, Atsushi. Com seu talento e resolução, você foi o responsável pelo meu despertar.
Meu coração parecia bater em sincronia com o ritmo das palavras dele.
- Aka-chin... – chamei debilmente, tentando controlar meu corpo, as pernas, dobradas, falhando à sua função. Por que só ele me fazia sentir assim?
 - Você possui a habilidade de deter meu olhar.
Sua outra mão tocou minha face febril. A distância entre nossos olhares diminuía, e com uma leve inclinação de seu rosto, Aka-chin tocou meus lábios com os seus.
O toque era muito mais do que eu esperava.
Macios, quentes, os lábios de Aka-chin eram pequenos e desajeitados junto aos meus. Sua mão paralisada em minha nuca denunciava seu nervosismo, o que fez meu coração perder o ritmo frenético com que palpitava por alguns segundos.
A sensação frágil e doce de seu beijo era demais pra mim. Sem meu consentimento, uma de minhas mãos alcançou o braço dele, fechando-se com facilidade em torno do tecido grosso do blusão. Senti, com um arrepio de excitação, a textura de seus lábios com a ponta da língua, e então ele desapareceu.
Abri os olhos.
Sua expressão era indecifrável. As maçãs do rosto coradas e parcialmente escondidas por uma mão que cobria a boca. Afastara-se alguns passos, o olhar fixo e aparentemente assustado em minha direção.
- Aka-chin... – chamei, levantando. Assisti ao olhar vermelho-amarelo acompanhando meu movimento.
Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, porém, ele se aproximou de uma vez e envolveu minha cintura com seus braços, encostando a cabeça em meu peito.
- Eu te odeio. – ele disse baixo, abafando as palavras no tecido suado da minha camisa.
Confuso, coração palpitando, braços e pernas bambos, acariciei lentamente seus cabelos ruivos.
- Por quê?
- Porque você me confunde.
- Você, confuso?
- É. Eu te odeio. – e repentinamente alcançou minha nuca com uma mão e puxou-me para um beijo de tirar o fôlego.
Dessa vez pude manter o controle, beijando-o com delicadeza enquanto ele se acostumava com o toque, sentindo seu nervosismo e achando-o cada vez mais perfeito à medida que descobria suas imperfeições. Perguntei-me se aquele seria seu primeiro beijo de verdade... E concluí que provavelmente. Aka-chin não era muito de fazer amigos, e eu nunca ouvira falar de alguém que ele gostasse...
Seu beijo era inesperadamente doce. Com gosto de morango.
Levantei a cabeça por alguns instantes, olhando-o nos olhos, e então o puxei pelo pulso para dentro de uma das salas próximas. As salas perto do ginásio costumavam ser ocupadas por administrações de clubes, mas estas haviam sido removidas para os andares superiores, então na verdade eu sabia que aquela estava desocupada... E que provavelmente ninguém passaria ali às nove da noite, horário em que nem mesmo o clube de basquete ainda devia estar treinando.
   

A sala estava escura, a única iluminação provinda do pequeno quadrado de vidro na porta, que deixava passar a luz do corredor. Ouvi a respiração de Aka-chin atrás de mim e me virei, segurando-o pelos ombros. Notei que tremia um pouco, e meu coração bateu mais forte enquanto eu tentava imaginar até onde ele me permitiria ir...
Não conseguia ver seus olhos na escuridão, então decidi testar com um beijo.
Comecei com um toque leve, outro, mais um, um pouco mais prolongado. Minhas próprias mãos pareciam trêmulas e ansiosas enquanto eu experimentava tocar sua bochecha e pescoço. Ouvia meu coração tamborilando como o de um pássaro em meus tímpanos e a respiração rápida de Aka-chin entre meus lábios. Por que ele não dizia nada?
Senti o gosto de seus lábios minimamente com a ponta da língua; continuavam sendo doces e macios, e com um fundo de morango que eu não conseguia entender. Por que morango? Antes que me desse conta, explorava-os sem restrição, o corpo todo arrepiado e correspondendo ao estímulo da sensação daquela boca suave e desajeitada. Sua língua, pequena e tímida, tocou a minha, e minha respiração saiu como um gemido baixo ao senti-la. Aquilo era demais pra mim. Sua tentativa de corresponder ao beijo da forma que eu fazia era mais do que eu podia suportar, e, por mais que eu tivesse tentado, durante alguns segundos que pareceram uma eternidade, conter o impulso, por fim meu corpo acabou por me desobedecer, e a necessidade de tocar e provocar Aka-chin, sentir seu corpo, dominou meu tato absurdamente aumentado.
Aprofundei o beijo sem hesitar, explorando suas reações e apreciando sua tentativa atrapalhada de corresponder à altura. Minhas mãos sentiram sua nuca, sua cintura, puxaram-no para mais perto. Logo cresceram a necessidade e a urgência, e o tecido de sua camiseta foi erguido e ignorado por dedos que não me obedeciam, simplesmente devastavam e sentiam toda textura, todo calor disponível naquela pele delicada e branca.
- Atsushi... – murmurou a voz de Aka-chin, entrecortada, afastando o rosto do meu e apoiando a testa febril entre meu ombro e pescoço.
Procurei seus olhos, hesitante, e encontrei-os com uma expressão alarmante; seus olhos tinham medo.
Talvez dizendo assim não faça tanto sentido, mas não era uma expressão qualquer.  Aka-chin nunca sentia medo.
Senti meu coração apertar, preocupado. Minhas digitais correram suavemente por uma de suas bochechas. É, provavelmente eu estava forçando as coisas. Dei alguns passos para trás, limpando a boca na manga da blusa.
- Me desculpa... – disse eu.
Continuou parado, os olhos perdidos, a boca entreaberta, vermelho-brilhante.
- Atsushi...
- Sim? – perguntei, inseguro, um nó se formando em minha garganta.
- Você... Você não está forçando. – hesitou. – Não muito. Eu só... – respirou – Eu não gosto de admitir. Acho que você é a única pessoa que vai ouvir isso de mim na vida...
Segurei minha respiração, apreensivo.
- Eu não sei bem o que eu sinto por você. E isso me faz não saber como agir perto de você. Eu sei o que você vai fazer e dizer, e não tenho nenhum problema específico com isso, mas quando eu sinto... Meu corpo reage de maneira estranha.
Eu continuava olhando em seus olhos, apesar de ele desviá-los.
- Aka-chin. – chamei novamente, aproximando-me. Ele levantou o rosto. – Você está com medo?
- Não. – respondeu, negando com um aceno de cabeça.
Eu ia dizer, mas preferi não fazê-lo. Aka-chin muito provavelmente já lera minha linguagem corporal, e agora tudo que me restava era agir.
Com um passo não muito longo, uni novamente meu corpo ao dele. Ergui seu queixo com os nós dos dedos e beijei seus lábios longamente. Com a outra mão, ergui sua camiseta e senti os músculos de seu abdome ondularem em uma contração involuntária sob minhas unhas.
Respirava com dificuldade, segurando frouxamente um de meus antebraços.
Sua boca não era suficiente. Sua respiração não era suficiente. Meu corpo pedia por mais e minha mão escorregava para dentro de suas calças conforme minha língua escorregava por seu pescoço.
Será que eu realmente conseguiria fazer isso? Meus conhecimentos sobre sexo entre dois homens não eram muito vastos, e eu estava guiando a situação.
Coloquei um dedo em minha boca, cobrindo-o de saliva, e desci novamente a mão. Aka-chin passou os dois braços à volta de meu pescoço e apertou, com um gemido baixo, conforme eu tentava, com cuidado, encontrar um ponto certo de pressão. Quando encontrei, no entanto, e senti seus músculos cedendo e abrindo caminho para o meu dedo, Aka-chin soltou um gemido ao pé de meu ouvido que quase me fez soltar um igual. Eu podia sentir sua excitação contra a minha perna, pulsando no ritmo com que eu movia meu dedo, e sua respiração cortada umedecendo minha pele. Experimentei introduzir mais um. Todas aquelas sensações me faziam querer passar dos limites. Respirei fundo, identificando um tremor em uma de minhas pernas que eu não parecia capaz de suprimir. Tanto faz, Aka-chin não era o único nervoso ali.
- Aka-chin, você pode virar de costas? – perguntei gentilmente, retirando minha mão de dentro de suas calças.
Com as maçãs do rosto coradas e os cílios úmidos, Aka-chin virou, apoiando as duas mãos na carteira à sua frente. Inclinei-me sobre ele para beijar sua nuca e abaixar a bermuda de treino. Minha mão deslizou algumas vezes por sua ereção, causando alguns gemidos e tremores, e depois se apressou em remover o blusão que separava meus desejos de sua pele revelada pela camiseta puxada para cima.
- Você tem certeza que quer fazer isso, Aka-chin? – perguntei
- S-sim.
Respirei fundo mais uma vez. Era a única forma de manter o controle das minhas ações.
Desci um pouco meus próprios shorts e acariciei suavemente a pele de Aka-chin, especialmente aquela parte rosada e úmida. Encostei meu corpo no dele, pousando uma de minhas mãos em sua cintura, e entrei.
Um arrepio delicioso percorreu todo o meu corpo, e um gemido dolorido escapou pelos lábios de morango.
- Aaah!
- Dói? – perguntei, ofegante. A sensação era incomparável. Quente, apertado. Eu queria muito simplesmente me mover e entrar cada vez mais fundo em Aka-chin, mas não devia. Aparentemente ele estava sentindo dor, e isso não era bom.
- D-dói. – murmurou, trêmulo.
- Você quer que eu tire?
- Não... Só... Só espera um pouco.
E por vários segundos eu esperei. Ouvia-o respirar com dificuldade e sentia suas pernas tremerem; mas aos poucos seus músculos relaxavam e eu pude ver a tensão se desfazendo em seus ombros e pescoço.
- Pode mexer agora. - comandou, sério.
Apoiei com facilidade uma de minhas mãos ao lado da de Aka-chin na carteira, e movi meu corpo.
Daquele momento em diante eu não saberia muito bem descrever o que aconteceu. Uma poderosa sensação de prazer invadiu meu corpo e eu não controlava mais meus movimentos. O ritmo e a intensidade não pertenciam mais à minha vontade; somente correspondiam às reações daquele garoto que aparentemente dominara meu corpo e mente em alguns instantes. Eu ouvia seus gemidos e sentia seu suor entre meus dedos, sentia seu sabor com a minha língua e seu calor em minhas mãos. Ele estava por toda parte e era o dono do meu ser naquele momento, dono de todas as partes de mim e comandava-as ao seu prazer.
Era estupidamente delicioso estar dentro de Aka-chin. Era perfeito e delicioso. Minha mão escorregava em sua pele molhada, num ritmo vicioso, e eu mal conseguia abrir meus olhos, tão à beira do clímax que eu estava o tempo todo.
Senti uma mão pequena e delicada puxar meu pescoço, e os lábios pequenos e úmidos encontraram os meus com seu calor e seu gosto de morango. E aquele gosto de morango foi a gota d’água. Um gemido alto e descontrolado escapou de meus lábios para dentro dos dele, e o ritmo se intensificou; o prazer explodindo meu corpo de dentro para fora, o mundo completamente apagado pela presença de Aka-chin. Ele gemia, pego de surpresa pelo meu descontrole, e eu senti as ondas fortes de seu clímax em todo meu corpo. Apertando, pulsando, até que a última onda passou e nós dois ofegamos, vencidos.
Minha testa suada encontrou uma bagunça de cabelos roxos e saliva perto do ombro de Aka-chin. Devagar, nos recompomos e ele olhou para mim, incomodado.
- Atsushi... – chamou, o rosto ainda corado e a respiração ofegante. Puxou meu rosto para perto pela minha nuca. – Eu te amo.
E meu coração bateu forte no peito.
Toquei sua bochecha delicadamente e beijei sua boca.
- Eu também te amo. Eu acho.
Ele soltou uma risada curta e abafada.
- Acho que eu preciso de lenços de papel.

  
Ao sair para o corredor, peguei os doces de dentro da pequena porta metálica da máquina de vendas e entreguei um deles ao meu primeiro amor.


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